Londres era uma cidade muito movimentada. Homens e mulheres caminhavam pelas ruas cheias de lojas. Um jovem rapaz estava parado em uma esquina, segurando um jornal e gritando as manchetes do dia para que todos pudessem ouvir.
O cabelo ruivo, que antes era espesso e vivia caindo sobre os olhos, agora era curto e apresentava alguns fios grisalhos. Acima de tudo, Christopher Robin gostava de estar preparado para qualquer coisa. Gigantescas colunas decoravam a fachada. O brilho se apagava quase que imediatamente, mas enquanto continuasse trabalhando com ele, continuaria fingindo que ele era capaz de sorrir. Naquele dia, entretanto, ele parecia ainda mais tenso do que o usual.
Com um sinal, o elevador chegou ao andar de destino e Christopher cruzou as portas antes mesmo de terminarem de se abrir completamente, Katherine o seguiu de perto.
Ele assentiu. Mais uma vez, ela tinha a resposta: — Esperando por material, senhor. Eles tinham ganhado a guerra, mas estiveram muito perto de uma derrota. Ele sabia. Christopher tinha visto a morte de muitos homens, homens a quem chamava de amigos.
Christopher admirava Hal. Diante deles, uma grande porta dupla. Christopher Robin havia eliminado isso. A equipe estava olhando para o que uma vez tinha sido uma mala Wilson top de linha. Ralph Butterworth, o pessimista do grupo — ou o realista, como ele gostava de se definir —, encolheu os ombros e respondeu: — Vai economizar poucos centavos.
Era exatamente isso o que Christopher temia. Para sua surpresa, suas palavras receberam aplausos. Ao se virarem, todos se viram diante do chefe, Giles Winslow. Isso mesmo! Aqui embaixo com os homens… e as mulheres de verdade. Assim que a porta se fechasse, eles se aproximariam para tentar ouvir a conversa. Ele sentiu o sangue se esvaindo de seu rosto.
Ele era incansavelmente eficiente. Christopher conseguiu evitar revirar os olhos. Vinte por cento? Ele olhou novamente para a janela. Eles fariam qualquer coisa por essa empresa. Eu faria qualquer coisa por essa empresa.
Mas parou quando o chefe se levantou. Ele tinha acabado de dizer que faria qualquer coisa pela empresa. E, agora, tudo indicava que ele iria acabar com os planos de mais um fim de semana. Christopher soltou um suspiro longo. E cancelar os planos mais uma vez? Giles assentiu. Boa sorte! O que ele deveria fazer a seguir? Eram homens e mulheres ao lado dos quais ele trabalhava todos os dias. Especialmente neles. E se Giles realmente pretendesse cortar vinte por cento dos gastos?
Christopher suspirou. Na verdade, chegava a despertar simpatia quanto eles haviam sido pouco profissionais e como achavam que estavam sendo espertos. Christopher ergueu a sobrancelha e disse: — Bem, talvez tenham escutado um pouquinho… Butterworth acabou admitindo e contou ao chefe o que eles pensavam ter escutado. Mas lembrem-se de que temos sorte. Temos emprego. Pode esquecer, ele pensou, soltando um alto suspiro. Agora ele realmente estava se sentindo a pior pessoa de todo o mundo.
Pilhas de papel na frente de todos os membros da equipe. Eu mesmo as recolho mais tarde. A palavra soava igualmente maravilhosa e assustadora.
Por sorte, ao menos uma pequena parte de sua fantasia se realizou. Ela viu que ele parecia derrotado, como se estivesse carregando o peso do mundo em seus ombros. A ideia do fim de semana que se aproximava a deixara animada e quase inebriada, como a jovem que era quando conheceu Christopher. Eles viviam o momento e suas aventuras, e se divertiam fazendo mesmo as coisas mais simples, desde que estivessem juntos. A guerra havia mudado seu marido e seu casamento.
Evelyn tentou — e continuava tentando — trazer de volta um pouco da espontaneidade que eles tinham antes, um pouco da alegria.
Mas, quase sempre, o trabalho dele se colocava em seu caminho. Enquanto a observava, ela se aproximou e a luz da cozinha iluminou seu cabelo castanho, fazendo-o brilhar como ouro. Mesmo depois de todos aqueles anos, sempre que a via, Christopher se sentia como se a estivesse vendo pela primeira vez. Katherine ligou para me avisar — Evelyn respondeu. Claro, Christopher pensou. Sua estranha tranquilidade agora fazia mais sentido.
Christopher engoliu em seco. Ele sabia o que ela faria. Evelyn se ofereceria para ajudar ou proporia que ele levasse o trabalho para a viagem. Ele estava, como diz o ditado, entre a cruz e a espada. Suspirando, Evelyn cruzou a porta e voltou para a cozinha. Mas desapontar sua filha? Ele soltou um profundo suspiro e se dirigiu para a escada.
Ainda assim, Evelyn havia conseguido fazer da casa um ambiente caloroso e acolhedor e, por um tempo, ela foi o local de muitos jantares animados e divertidos. Subindo a escada, Christopher sorriu, triste, ao passar pela foto dos pais que estava pendurada na parede.
Ele bateu na porta e entrou no quarto de Madeline. A garota estava sentada em sua cama. Madeline ergueu o olhar ao ouvir a voz do pai repentinamente. Ela corou, sentindo-se culpada, suas bochechas enrubescendo e deixando-a ainda mais graciosa. Ao se aproximar, Christopher arregalou os olhos. Madeline pegou uma pequena sacola. Nada demais.
Observando seu quarto, viu uma pilha de livros perto da cama da filha: — Talvez lendo um pouco — Christopher sugeriu, apontando para os livros. Assim como seu pai, ela se orgulhava de concluir suas tarefas. Tenho sido muito eficiente. Mas Madeline era uma Robin. Especialmente naquele momento. Christopher mal conseguia encarar sua filha. Mas que escolha ele tinha? Em geral, era Evelyn quem lia para Madeline antes de dormir.
Ele se levantou, sem jeito, deu um tapinha no ombro de Madeline e se virou para ir embora, desejando-lhe boa-noite ao apagar a luz. Madeline respondeu silenciosamente ao boa-noite do pai e virou- se de lado, ficando de costas para ele.
Christopher olhou mais uma vez para a filha, suspirou e fechou a porta. Bons sonhos, ele pensou. O pedido de desculpas que ele sentia vontade de dizer seguia preso em sua garganta. Provavelmente era o melhor a se fazer. Evelyn estava sentada diante do marido, muda. Evelyn deu um profundo suspiro. Ela amava seu marido. E o amou praticamente desde a primeira vez que o vira. Ela amava o fato de ele ser trabalhador e dedicado. Ela amava que ele se preocupasse com o futuro, e amava o fato de que ele quisesse sempre o melhor para Madeline.
Levantando-se, Evelyn empurrou sua cadeira e se aproximou do marido. Seu hobby, como Christopher chamava seu trabalho, era muito mais do que isso. Era algo que ajudava a pagar as contas e, mais importante que isso, era algo que realmente a motivava. Ela adorava seu trabalho. Ela se sentia valorizada. Em casa, ela tinha sorte nos dias em que conseguia trocar mais de algumas poucas frases com seu marido. Evelyn soltou um suspiro muito profundo e engoliu sua resposta.
Evelyn se levantou. Virou-se e olhou para o marido. Sendo um pouco bobo. No hall de entrada, Christopher ficou olhando para as malas. O que havia acontecido com eles? Como tinham chegado a esse ponto? Mas agora? Christopher sabia que a maior parte da culpa era sua. Evelyn era paciente, gentil e maravilhosa, e ele sabia que ela o amava. E se ela estiver certa? Christopher dormiu muito mal naquela noite.
Ele acordou com o suor escorrendo por sua sobrancelha e virou- se para o lado onde o caloroso corpo de sua mulher costumava estar. Ao abrir os olhos, viu os suaves raios de sol atravessando a cortina. O dia havia nascido. Elas estavam se preparando para partir. Afastando as cobertas, Christopher rapidamente colocou uma roupa de trabalho e desceu a escada.
Como ele imaginava, encontrou a porta aberta e viu o carro parado. As duas estavam na sala de estar e mal conseguiram dirigir-lhe o olhar quando Christopher se aproximou. Evelyn esperou a filha estar do lado de fora para se despedir friamente do marido. Sem dizer nada, Evelyn seguiu a filha pela porta. Christopher as observou entrando no carro e saindo de viagem. Suspirando, ele se virou e voltou para dentro de casa. Do bolso, ele puxou o papel que Madeline lhe havia entregado; para sua surpresa, diante dele estava um desenho de seu velho amigo, o Ursinho Pooh.
Um calafrio percorreu seu corpo e ele se lembrou do estranho sonho da noite anterior. Ficou todo arrepiado olhando para o ursinho. Ele soltou o desenho, pegou sua maleta e foi apressadamente para a porta, batendo na mesa ao se levantar.
Sem se dar conta, Christopher saiu, batendo a porta ao passar. O mel se espalhou por toda a mesa e pelo desenho de Pooh. Pooh acordou resmungando e logo deu um espirro.
Lentamente, abriu os olhos. Ele sentia que tinha dormido por anos. Sentando-se, ele farejou algo no ar.
Algo que cheirava muito, muito bem. Alguma coisa parecia estar errada. Ele estava confuso. Mais confuso do que de costume. Como sugerido, sua barriga fez um forte barulho. Terminando de abrir a porta, Pooh deu um sorriso diante dos diversos potes de mel que viu. Sua barriga roncou de novo assim que ele pegou um dos potes. Mas, para sua tristeza, ao olhar dentro do pote, viu que estava vazio. Ele pegou outro e abriu. Estavam todos vazios.
Ele foi chegando cada vez mais perto e pop! Por fim, com outro pop! Pooh fez uma careta. Sua barriga roncou, dessa vez ainda mais alto. Nada bom. Ele tinha se exercitado e, por isso, agora tinha muita, muita fome. Mel, mel, mel. Onde ele poderia conseguir mais mel? Rapidamente, ele colocou sua camiseta vermelha e abriu a porta. Mas o ursinho parou assim que pisou do lado de fora. O dia estava cinza e sombrio. Pooh hesitou.
O local, como um todo, parecia… esquecido. Nenhuma resposta. Pooh abriu a porta e espiou. Ele franziu o cenho. Mais uma vez, ele levou a pata ao seu Lugar de Pensamentos. Era isso! Ele fechou a porta e voltou para o bosque enevoado. O Coelho sempre tem respostas para tudo. O peludo e experiente animal adorava ser quem contava as coisas aos outros. E, assim, Pooh seguiu pelo Bosque dos Cem Acres.
Depois, puxou a camiseta vermelha para baixo. O que teria acontecido aos seus amigos? O que ele deveria fazer? Se ao menos Christopher Robin estivesse por perto, ele poderia ajudar.
E, pensando nisso, onde andaria Christopher Robin? Mais uma rajada de vento e a porta se abriu, com um forte rangido. Pooh sorriu. Ele conhecia aquela porta! A pintura verde estava descascando e a porta, em si, estava coberta de trepadeiras, com muitas folhas em sua base. Como se fosse uma resposta, o vento veio forte mais uma vez. A porta se abriu completamente. Recuando, Pooh bateu em seu Lugar de Pensamentos mais uma vez.
O que fazer? Pensou em mel… mas apenas por um segundo. E se deu conta de que sabia o que precisava ser feito. Ele precisava encontrar Christopher Robin! O ursinho olhou em volta. Portanto, Pooh precisava procurar por ele. Nada de Christopher Robin! Logo ele chegou a uma casa muito grande, cheia de portas e algumas janelas. Ao chegar ao final da trilha, Pooh parou por um momento. E com fome. Elas pareciam ter a mesma idade de Christopher.
Talvez estivessem indo visitar seu amigo. Ele perdeu as garotas de vista e, de repente, se viu circulando no meio das longas pernas de garotos e garotas muito altos. A criatura ergueu o focinho e latiu. Despedindo-se do cachorro, que agora estava feliz, Pooh seguiu pela rua. Ele queria encontrar seu amigo desesperadamente. Espiou pelas portas abertas — nenhuma delas verde. Como resposta, sua barriga roncou fortemente.
A abelha ziguezagueava pelas ruas. Sua barriga roncou. E roncou de novo, mais alto. A menos que encontrasse um pouco de mel. Ou tirasse um cochilo. O ursinho se abaixou, apoiando-se contra seu tronco. Sim, era disso que ele precisava.
Infelizmente, todo esse trabalho duro havia resultado em pouco progresso. Tudo o que queria era ir para casa, tomar alguma coisa e cair na cama. Aquela voz! Ele conhecia aquela voz. Ao se virar, arregalou os olhos: — Pooh?! Ele nem tinha olhado para o que estava comendo.
Ele continuou pensando. Alguma coisa no ar? Ele poderia estar sonhando? Christopher se beliscou. Meu Deus. Evelyn me alertou. Christopher acabou cara a cara com Pooh. O ursinho sorriu para ele, contente. Na sua frente. E aqui estou. Olhou para os galhos. Olhou para todos os lados. Ele se virou e olhou para o ursinho. Os olhos grandes de Pooh olhavam para ele. Ele abriu a boca para dar a resposta a seu amigo mas, de repente, escutou o som de passos. Um minuto depois, Cecil Hungerford virou a esquina.
Muito rapidamente, Christopher conseguiu esconder Pooh embaixo de seu grande sobretudo. Christopher se virou, para que Pooh ficasse mais longe dos olhos curiosos de Cecil. Acabamos de pegar. Eu adoro gatos. E ele morde. Aquele encontro precisava terminar. Christopher olhou para a mesa da cozinha. Ela estava cheia de potes de mel vazios. Eram potes grandes, pequenos, decorados e simples. E era verdade. Ele era um garoto quando foi embora do Bosque dos Cem Acres.
Christopher limpava os livros, freneticamente. Minha mulher e minha filha foram passar o fim de semana no campo. Enquanto esperava por uma resposta, Pooh foi para a sala de estar e pisou direto no elegante tapete no qual Evelyn havia gasto uma boa quantia. Enquanto falava, Christopher se abaixou e puxou o tapete, soltando-o das patas de Pooh, fazendo o ursinho cair para a frente. E eu procurei em Toda Parte. Pooh olhou para ele, claramente sem se incomodar com o incidente com o aparelho musical, mas muito irritado com o desaparecimento de seus amigos.
Ao se virar, Christopher viu que Pooh havia adormecido em uma cadeira. Pooh murmurou algo antes de virar para o lado e voltar a roncar ligeiramente. Por um momento, Christopher apenas ficou ali. Ou preocupado. Logicamente, havia muitos desenhos de Pooh. Um forte barulho fez Christopher acordar. A cara de Pooh estava apoiada contra o ombro de Christopher. O barulho se repetiu e acordou o dorminhoco ursinho. Pooh parou e escutou sua barriga, que roncava, antes de responder, assentindo: — Ah, sim!
Christopher se largou sobre o travesseiro e assistiu o ursinho sair do quarto e desaparecer descendo as escadas. Christopher deu um salto, levantando-se da cama quando ouviu mais alguma coisa se quebrando no andar de baixo. Ele jogou os restos dos potes quebrados no lixo.
Christopher abriu um pote de mel — o que foi uma surpresa, porque ele achou que Pooh tinha comido todo o estoque na noite anterior. Mas mesmo assim ele se viu fazendo exatamente isso. Tenho responsabilidades. Christopher sentiu uma pontada de culpa. Perder tempo com os problemas de Pooh era uma besteira, para ser claro e direto. Ainda assim… talvez ele devesse tentar ajudar. Ele estava certo antes. Ele precisava se trocar. E ele precisava se encolher e desviar o tempo todo para seguir seu caminho.
Pooh, por sua vez, fazia exatamente o oposto. O homem, surpreso, olhou para o ursinho e seguiu em frente… dando com a cara direto em um poste. Ele colocou o ursinho sentado sobre o telefone e, apontando um dedo para seu amigo, disse: — Olha. Christopher se movia e falava com as pessoas, parecia que era isso que se fazia em Londres.
Mas precisava tentar. Christopher quase caiu na gargalhada. Christopher ficou quieto. Eles estavam perdendo tempo. O que, obviamente, era algo que ele odiava. O peso. A pessoa que passava pela rua deu um salto diante do estrondo e olhou, confusa, para Christopher — e para Pooh —, antes de acelerar o passo e se afastar. Se as coisas continuarem assim, Christopher pensou vendo Pooh tentando imitar seus movimentos, a cidade inteira vai achar que eu estou louco.
Ele olhou para o ursinho. Os olhos do ursinho se arregalaram. Gostaria muito, muito mesmo. E isso era algo que Christopher queria evitar de qualquer maneira. Christopher finalizou o pagamento e pegou suas passagens. Eles tinham conseguido. Christopher baixou os olhos para onde Pooh deveria estar. Pooh estava se divertindo muito. Quando viu um garotinho em seu carrinho, Pooh acenou, cumprimentando-o. Ou ter um novo amigo. Christopher agarrou-se ainda mais a Pooh.
Mas seus olhos se arregalaram quando ele viu um posto de venda de doces. Christopher soltou um suspiro, aliviado. Eles tinham conseguido! Ao olhar por sobre o ombro, ele soltou um gemido. Pooh se deu conta do que acontecera no mesmo momento e soltou um grito: — Christopher Robin! O homem que ele era agora estava exausto. Exausto e irritado. Suspirando, Christopher virou mais uma folha de papel. Ao ler a lista, riscou dois nomes. Ele suspirou mais uma vez. Ele olhou para o ursinho, que estava do outro lado da mesa.
Ele havia estado ali, quieto — para surpresa de Christopher —, desde a partida de Londres. A maior parte do tempo, ele ficou olhando pela janela, apreciando a paisagem.
Mais uma vez, ele se viu comparando Pooh e Madeline, quando mais nova. Mas ele estava errado. Mais grama. Pooh estava novamente olhando pela janela. Mais uma vez, ele se surpreendeu quando Pooh ficou quieto. Em sua defesa, devemos dizer que estava falando um pouco mais baixo. O ursinho apenas estava sendo ele mesmo. Com mais um suspiro, Christopher pressionou a ponte do nariz. Ele apenas podia esperar que o ursinho se cansasse daquele jogo quanto antes. Ele conseguira. Agora ele apenas precisava voltar para Londres e contar as novidades.
Mas antes precisava deixar Pooh de volta no Bosque dos Cem Acres. Quando o trem soltou seu alto apito e o vapor assobiou da locomotiva, Christopher pegou Pooh e o colocou sobre seu ombro.
Christopher mal se deu conta do que aconteceu. A ansiedade de chegar e ir para o bosque fazia com que os minutos parecessem horas. Havia apenas uma casa que ele queria ver, apenas um bosque que ele queria visitar. Teria tudo envelhecido do mesmo modo que ele? Christopher ficou sem ar. Ela continuava imponente e aconchegante ao mesmo tempo. Os jardins continuavam muito bem cuidados e a pintura parecia nova. Sabia que as coisas tendem a ser diferentes quando vistas de perto. Mas, finalmente, com um suspiro, ele pegou Pooh e sua maleta, pagou o motorista e desceu.
Olhando para a janela da direita, ele viu as cortinas fechadas. Evelyn deveria estar usando o antigo quarto de seus pais. Apesar do aviso, Pooh continuou andando normalmente. Pooh parou ao lado da janela, ficou na ponta das patas e olhou pelo vidro.
Segurando o grito, Christopher se virou para o ursinho. Minha esposa — ele esclareceu, em voz baixa. Mais feliz, talvez? Mais contente? Pooh o seguiu. Sim, sua filha era estudiosa. Tomando um tempo para respirar, Christopher buscou se acalmar. E eu fico feliz por ela ser feliz. Agora, vamos, Pooh. Era a si mesmo. Pooh o seguia. Ele sorriu, triste. Nem mesmo aquele local havia sido poupado dos efeitos do tempo.
Nem ursinho nem humano falaram no caminho para dentro do bosque. Era um lugar tranquilo e, apenas por um momento, Christopher sentiu o peso sobre seus ombros ficar mais leve. O tronco continuava cinza e da mesma grossura, e suas iniciais, entalhadas tantos anos antes, continuavam ali. O C e o R tinham um ar infantil. O ursinho encarou Christopher. Seu velho amigo teria ficado animado de participar com ele dessa aventura. Pooh suspirou.
Ele sentia saudade de seu velho amigo Christopher Robin. Ignorando o suspiro, Christopher encolheu os ombros. Pooh hesitou por um momento. O gesto pegou Christopher desprevenido. Sem jeito, ele se abaixou e deu um tapinha nas costas de Pooh. Sem dizer mais nada, Pooh se abaixou e desapareceu pelo buraco. Christopher suspirou aliviado; ele tinha feito o que tinha que fazer. Agora podia voltar para a cidade e se concentrar em seu trabalho.
Ele estava flutuando diante da porta. Ele achou que o ursinho estivesse ansioso para cruzar a porta e voltar para casa. Pooh nem se deu ao trabalho de se virar para responder. Ele o empurrou para dentro do buraco. Christopher se sentiu culpado. Ele sabia que, se fosse embora naquele momento, o Ursinho Pooh ficaria sentado ali por muito tempo. E um pouco mais. Pooh era seu amigo. Ele precisava de sua ajuda. Christopher respirou fundo. O trabalho precisaria esperar.
Christopher Robin estava voltando para o Bosque dos Cem Acres. No entanto, havia um pequeno probleminha com o plano de Christopher de voltar ao Bosque dos Cem Acres. Agora ele era um adulto de ombros largos e com um pouco de barriga. E foi exatamente por isso que ele se viu entalado na porta: a parte de baixo de seu corpo de um lado, a parte de cima, de outro.
O ursinho, que tinha passado pela porta verde primeiro, virou-se e olhou para seu amigo. Ele viu a parte de cima de Christopher e ficou procurando onde estaria a parte de baixo. Ele respirou e empurrou mais uma vez. Com um pop! Ele ficaria com alguns hematomas. O que ele viu o deixou em choque. Esqueci qual dos dois. Christopher apertou os olhos.
Uma parte dele sabia a resposta, mas se recusava a aceitar. Ele preferiu se concentrar no motivo pelo qual estava ali.
Como eu poderia saber? O ursinho confiava completamente nele. Por sorte, Christopher estava sempre preparado. Pooh olhou para sua barriga. Para o norte! Christopher soltou um suspiro. Pooh estava ficando preocupado. Nesse momento, no meio do nevoeiro, apareceu uma coisa diferente. Era uma placa. Mas ao se aproximar do ursinho para entender o motivo da repentina parada, ele viu a placa. Pooh apontou para o aviso: — Claro que existem! Pooh hesitou ao ver o amigo indo em frente.
Ele confiava em Christopher Robin. Sempre tinha confiado. Mas havia sido Christopher Robin quem havia ajudado a pintar a placa. Decidido, ele voltou a caminhar.
Mas Pooh o estava fazendo entender o que ele realmente estava fazendo. Ele deixou o Bosque dos Cem Acres e seus amigos; e, sim, no fim das contas, ele deixou Pooh ir embora. Ele o deixou ir embora — e qual havia sido o resultado?
Christopher olhou para o bosque sombrio. A mesma escrita infantil avisando para tomar cuidado com Efalantes e Dinonhas. Era a mesma placa. O ursinho se encolheu. Apesar de dizer tais palavras, Christopher sabia que estava sendo injusto. Ele nem mesmo era humano. Ele era um ursinho! Antes de Christopher ter tempo de piscar, a maleta caiu, aberta — assim como o envelope marrom com todo o seu trabalho. Eu nunca vou me lembrar de tudo isso!
Ao pegar uma folha que estava presa em um arbusto, Christopher olhou para Pooh. O ursinho estava muito quieto. Por algum motivo, isso deixou Christopher ainda mais irritado. Pooh, ainda incerto sobre o que pensar do que estava vendo, fez uma careta. Novamente, Christopher soltou uma estranha gargalhada que incomodou Pooh.
Agora eu sou adulto. E tenho responsabilidades de adulto. Ele apenas havia se perdido. Quando olhou para a frente novamente, Pooh havia desaparecido. O que ele havia feito?
Percorrendo o bosque enevoado, Christopher tinha pensamentos indesejados. Ele pensava em Pooh perdido e com fome. Pensava no ursinho triste e sozinho. E era tudo sua culpa. Diversas vezes Christopher chamou o ursinho pela neblina. Sombras que de dia eram inofensivas se tornaram assustadoras e enormes. Seus olhos perscrutaram o escuro bosque, buscando algum sinal de Pooh desesperadamente. Mas ouviu. Um rugido no meio do bosque.
Grandes sombras que se pareciam muito com elefantes. Ou, mais precisamente, uma manada de Efalantes. Mais um rugido. Ele se virou e correu… E caiu bem em uma armadilha de Efalante! Com um grito, Christopher sentiu suas pernas sumindo de debaixo do seu corpo, e logo ele estava caindo pelo ar.
Ele chegou ao fundo do grande buraco com um forte estrondo. Ele precisava sair dali, e depressa! Ele se virou, examinando o ambiente.
Eu estou aqui embaixo! Exceto, talvez, os Efalantes. Primeiro perdi Pooh. Precisava sair dali. Ele tentou uma e mais uma vez. Mas, sempre, o resultado era o mesmo. Meio metro, um metro, mais um… O topo do buraco apareceu, quase ao seu alcance.
Com mais um estrondo, Christopher novamente se viu no fundo do buraco. Foi quando viu uma videira pendendo a partir da entrada do buraco. Nada aconteceu. Ele puxou mais uma vez. E mais uma vez. Foi quando alguma coisa aconteceu. A dor que sentia fez Christopher despertar. Ele precisava ver Evelyn.
E Madeline. O ursinho parecia completamente tranquilo com o fato de estar nadando em um buraco pensado para capturar Efalantes. Ele olhou para Christopher e sorriu. Estamos em perigo. No mesmo momento, Christopher viu sua maleta flutuando e a pegou.
Em vez disso, ele ficou estranhamente calmo. Talvez fosse isso o que estivesse acontecendo com ele. Ao olhar para o lado, viu Pooh tranquilamente sentado ali. Com os olhos arregalados, ele se virou para Pooh para pedir ajuda, mas o ursinho, assustado, nadava desesperado tentando fugir dele.
Ele precisava sair daquele buraco. Christopher despertou assustado. Tinha sido um sonho! Nada de Efalantes. Nada de trombas enormes. O que moral na Etipia no moral no Brasil, por exemplo, a bigamia: Para os mulumanos honroso ter mais de uma esposa. J os pases catlicos pregam a monogamia casamento nico. No centro da tica aparece o dever, ou obrigao moral, conduta correta. Lenfestey Ele tinha onze anos e, a cada oportunidade que surgia, ia pescar no cais prximo ao chal da famlia, numa ilha que ficava em meio a um lago.
A temporada de pesca s comearia no dia seguinte, mas pai e filho saram no fim da tarde para pegar apenas peixes cuja captura estava liberada.
O menino amarrou uma isca e comeou a praticar arremessos, provocando ondulaes coloridas na gua. Logo, elas se tornaram prateadas pelo efeito da lua nascendo sobre o lago. Quando o canio vergou, ele soube que havia algo enorme do outro lado da linha. O pai olhava com admirao, enquanto o garoto habilmente, e com muito cuidado, erguia o peixe exausto da gua.
Era o maior que j tinha visto, porm sua pesca s era permitida na temporada. O garoto e o pai olharam para o peixe, to bonito, as guelras movendo para trs e para frente. O pai, ento, acendeu um fsforo e olhou para o relgio. Pouco mais de dez da noite Ainda faltavam quase duas horas para a abertura da temporada.
Em seguida, olhou para o peixe e depois para o menino, dizendo: - Voc tem que devolv-lo, filho! O garoto olhou volta do lago. No havia outros pescadores ou embarcaes vista. Voltou novamente o olhar para o pai. Mesmo sem ningum por perto, sabia, pela firmeza em sua voz, que a deciso era inegocivel. Devagar, tirou o anzol da boca do enorme peixe e o devolveu gua escura. O peixe movimentou rapidamente o corpo e desapareceu. Naquele momento, o menino teve certeza de que jamais pegaria um peixe to grande quanto aquele.
Isso aconteceu h trinta e quatro anos. Hoje, o garoto um arquiteto bem-sucedido. O chal continua l, na ilha em meio ao lago, e ele leva seus filhos para pescar no mesmo cais. Sua intuio estava correta. Nunca mais conseguiu pescar um peixe to maravilhoso como o daquela noite.
Porm, sempre v o mesmo peixe todas as vezes que depara com uma questo tica. Agir corretamente, quando se est sendo observado, uma coisa. A tica, porm, est em agir corretamente quando ningum est nos observando. Autor do Slide: Ria Ellwanger riaellw globo. C, atravs das observaes de Scrates e seus Discpulos. Scrates refletiu sobre a natureza do bem moral, na busca de um princpio absoluto de conduta. Duas formulaes mais conhecidas: Nada em excesso Conhece-te a ti mesmo Uma coisa posso afirmar e provar com palavras e atos: que nos tornamos melhores se cremos que nosso dever seguir em busca da verdade desconhecida.
Scrates S sei que nada sei. O Homem s encontra a felicidade na prtica das virtudes. O ideal buscado pelo homem virtuoso a imitao de Deus: aderir ao divino. Virtudes: Justia ordena e harmoniza Prudncia ou sabedoria pe ordem em nossos pensamentos Fortaleza ou valor faz com que o prazer se subordine ao dever Temperana serenidade, autodomnio Plato, discpulo de Scrates, Aristteles, Discpulo de Plato, Estudou as virtudes e os vcios, concluindo que existem vrios bens em concreto para o homem.
O homem, como um ser complexo, precisa de vrios bens, tais como: Amizade, sade, e at riqueza. Ele no pode apenas viver, mas viver racionalmente, com a razo. O maior bem? A vida virtuosa.
A maior virtude: a inteligncia. A tica grega fundou-se na busca da felicidade. Para Aristteles, o fim do homem a felicidade, a que necessria virtude, e a esta necessria a razo.
A caracterstica fundamental da moral aristotlica , portanto, o racionalismo, visto ser a virtude ao consciente segundo a razo.
Se a virtude uma atividade segundo a razo, mais precisamente ela um hbito, um costume moral, adquire-se mediante a ao, a prtica, o exerccio e, uma vez adquirida, estabiliza-se, mecaniza- se; torna-se quase uma segunda natureza e, logo, torna-se de fcil execuo - como o vcio. Estabeleceu muitas regras de conduta, trazendo, sem dvida, um grande progresso moral humanidade. Na Idade Mdia, o pensamento tico passou a ser ligado religio, interpretao da bblia e teologia.
A busca de uma tica racional pura subjetividade humana; 2. Tentativa de unir a tica religiosa s reflexes filosficas. Teve muitos seguidores. A moral revolucionria foi muito influenciada pela tradio tica crist. O marxismo uma grande tradio de preocupaes ticas, onde persistem elementos do cristianismo. Os filsofos limitaram- se at agora a interpretar o mundo de diferentes modos; do que se trata de o transformar. Uma ao moralmente boa aquela que pode ser universalizvel.
Sua teoria procura basear-se nas leis do pensamento e da vontade. Para os cristos da idade mdia: o ideal tico o da vida espiritual, de amor e fraternidade Santo Agostinho. Idade moderna iluminismo e renascimento : ideal seria viver de acordo com a prpria liberdade pessoal. Critrio da moralidade ser racional, autnomo, autodeterminado, agir segundo a razo e a liberdade Kant.
Mas, afinal, quais os critrios da moralidade? Agir moralmente significa agir de acordo com a prpria conscincia. Quais, ento, os ideais ticos? Para os gregos: a busca do bem supremo Plato e da felicidade, atravs de uma vida virtuosa Aristteles. Liberdade para decidir entre o bem e o mal.
Liberdade para decidir sobre o certo e o errado. Liberdade de conduta. Liberdade com responsabilidade A liberdade no pode ser apenas exterior, nem apenas interior. Ela se desenvolve na conscincia e nas estruturas. A liberdade aumenta com a conscincia que se tem dela. Hegel, A tica se preocupa com a forma humana de resolver as contradies entre necessidade e possibilidade Contradies A tica se preocupa com a forma humana de resolver as contradies entre: necessidade e possibilidade; tempo e eternidade; o indivduo e o social; o econmico e o moral; o corporal e o psquico; o natural e o cultural; a inteligncia e a vontade.
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